quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Museu Paranaense conta sobre a trajetória dos japoneses no Paraná

Uma típica praça japonesa recepciona os visitantes para a exposição

AEN
Divulgação
Uma típica praça japonesa recepciona os visitantes para a exposição "Japoneses no Brasil: presença e reflexos na sociedade paranaense", em mostra em Curitiba. Em quatro salas de exposição é contada a história da imigração japonesa no Paraná, a partir de objetos cedidos por famílias de descendentes, pelo Consulado Geral do Japão e pela Associação Nipo-Brasileiro de Curitiba.

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“Muito já foi falado sobre a imigração dos japoneses ao Brasil, mas a mostra pretende traçar o olhar histórico, antropológico e a influência da consolidação dos japoneses no Paraná”, conta a antropóloga e curadora da exposição Maria Fernanda Maranhão.

Segundo Márcia Medeiros, curadora e historiadora do Museu, a cultura japonesa é repleta de simbologia e significado. “A dificuldade de traçar uma concepção dentro da exposição é pela diversidade e grande quantidade de objetos. Cada item possui um sentido. Assim, buscamos objetos nas colônias japonesas no Paraná (especialmente a Cacatu em Antonina, fundada em 1917), para preservar o pensamento e não fugir da concepção de mundo deles”.

Maquetes de réplicas de palácios reais abrem o circuito da exposição, dando seqüência ao período feudal japonês (1185 - 1868), representado por quadros, e outros objetos dessa época. As indumentárias também aparecem neste espaço. “É tradição para eles vestir roupas escuras nos casamentos e trajes claros em festas. Nossa idéia é ilustrar a constituição das famílias japonesas, que vieram para o Brasil anos depois”, explica Márcia. O período Edo, marcado pelo isolamento do país e pela transição para a época moderna, é o passo para a vinda dos japoneses. “Quando o período feudal termina e há a assinatura do tratado comercial com os americanos, é que vai ocorrer a imigração”.

Os chinelos japoneses guiam o visitante para a chegada do navio Kasato-Maru ao Brasil, em 1908. A vinda das famílias ao Paraná em 1913, a formação de novas famílias e a consolidação delas no estado é redesenhada a partir de malas, trazidas do Japão por um imigrante, de documentos e passaportes e em diversas fotografias da construção de escolas e colônias. “Os japoneses têm uma cultura singular por saberem preservar suas origens. Quando duas culturas se encontram, nenhuma delas se perde. Ambas absorvem aspectos da outra, mas há a preservação das raízes. Essa é a verdadeira cidadania, saber quem é”, acredita a historiadora.

Há o destaque ainda para o Ukroe – arte tradicional que reflete o desejo dos japoneses por um “mundo flutuante”. Além de uma pequena revista, origem do, hoje famoso, mangá - histórias em quadrinhos tradicionais do país do sol nascente.

A terceira sala apresenta a espiritualidade do povo, com objetos que trazem sorte. Contém ainda baralhos e outras brincadeiras dos japoneses. Mas é no quarto e último espaço que o chanoyu - ritual japonês para o cerimonial e apreciação do chá - aparece. Toda a disposição dos itens tem um porquê na tradição, por isso uma nikei e uma japonesa compuseram a mesa com os utensílios usados (colher de bambu, cerâmica e almofadas). O ritmo é um lugar de meditação e contemplação, assim como a decoração da cerâmica significa a apreciação do belo. Por mais simples que seja a residência, os japoneses e os descendentes conservam a tradição de consumir o chá”, explica Marcia.