quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Dicas para uso consciente do carro

Fonte: Instituto Akatu

Aqui você pode conhecer as principais sugestões para o uso mais
sustentável do carro nas grandes cidades, fruto dos debates realizados
na oficina “Uso Consciente do Carro”. A atividade foi promovida pelo
Instituto Akatu, no dia 12 de setembro, na capital paulista, com a
participação de representantes das empresas parceiras do Akatu: Energias
do Brasil, Itaú, Philips, Nestlé, HP, Soluttia e Companhia de Notícias
(CDN), além de integrantes da equipe do próprio Akatu, tendo como
objetivo buscar alternativas e soluções que levem a um uso sustentável
do carro nas grandes metrópoles.

Carona solidária
Como a grande maioria dos carros que rodam em São Paulo leva apenas um
ocupante – a média é de 1,2 ocupante por carro –, uma importante questão
levantada pelos participantes da Oficina foi pensar como otimizar o uso
do carro, colocando um número maior de pessoas dentro do mesmo veículo.

A principal sugestão nessa direção, e apoiada por todos, foi investir na
implantação de um sistema de carona solidária nas empresas e também nas
escolas. Já existem softwares que podem ajudar a combinar horários e
locais para montar um eficiente sistema de carona.

Todos concordaram que a primeira dificuldade a ser enfrentada é provocar
uma mudança de atitude nos motoristas que, tradicionalmente, preferem
rodar sozinhos. Para vencer a resistência inicial, foi sugerido que
tanto empresas quanto escolas apresentem aos seus
funcionários/estudantes os impactos negativos do uso atual do carro nas
grandes cidades, com base no fichário distribuído pelo Akatu, contendo
os efeitos do uso do carro, e apresentando o documentário “Sociedade do
automóvel”, onde diversos impactos são debatidos.


Incentivos para quem aderir à carona solidária
Com o objetivo de incentivar a iniciativa nas empresas, pensou-se em
oferecer aos participantes do programa de carona solidária uma vaga
especial demarcada nos estacionamentos das empresas e divulgar as
escalas de carona inclusive para as chefias dos setores envolvidos, para
que estas auxiliem seus funcionários a se organizar.

Nos colégios, foi sugerido distribuir listas aos pais e responsáveis
para que digam se pretendem ou não participar do sistema de rodízio de
carona.

Metas a serem atingidas com a implantação da carona solidária
Outra sugestão foi estabelecer metas de aumento da ocupação dos carros
nas empresas. A idéia é descobrir qual a média atual de ocupação dos
carros dos colaboradores de uma determinada empresa, fazer a campanha de
sensibilização para os impactos do uso do carro nas grandes cidade,
organizar uma campanha de carona solidária seguindo as sugestões
surgidas na Oficina do Uso Consciente do Carro e então estabelecer
objetivos bem definidos para a implantação da carona solidária. Por
exemplo, se hoje a média é de 1 ocupante por veículo, a idéia poderia
ser que em um ano se tenha 4 ocupantes em 20% dos carros de
colaboradores, o que daria uma média de ocupação aproximada de 1,8
pessoas por carro.

Todas essas medidas ajudam a dar visibilidade aos rodízios de carona,
permitindo a criação de um vínculo social entre os participantes, que
passam a ser identificados positivamente por suas atitudes.

Facilitação do uso da bicicleta
Quando o assunto é estimular o uso de bicicletas no dia a dia da cidade,
as sugestões são diversas. Aumentar o número de ciclovias integradas aos
transportes públicos coletivos aparece como o primeiro passo para
permitir a circulação dos ciclistas em segurança pela cidade. Criar
“bicicletários”, onde quem não possui uma bicicleta possa alugar ou
pegar emprestada uma bicicleta. Seria um modo de expandir o uso desse
meio de transporte positivo para a saúde de quem o adota e para o ar que
todos respiramos.

Às empresas seria pedida a construção de vestiários, com chuveiro, para
que os colaboradores ciclistas, e até mesmo os que venham a pé, possam
adotar esses modos alternativos de locomoção sem temor de se
apresentarem inaquadamente à primeira reunião da manhã.
Como forma de auxiliar os futuros ciclistas, foi também sugerido
desenvolver um guia com indicação dos melhores trajetos para circulação
das bicicletas e fornecer estacionamento gratuito e seguro nas empresas.

Adoção de home office e de horário flexível nas empresas
Horário flexível e possibilidade de trabalhar em casa foram também
idéias aplaudidas por todos como forma de diminuir o uso do carro.
Diversas tarefas podem ser realizadas em casa, em home offices. Além
disso, de um modo geral, não existe um motivo para que todos os
funcionários de uma empresa tenham de chegar e sair todos sempre na
mesma hora. Pode-se abrir espaço para a diversidade de horários,
permitindo não somente o uso consciente do carro, mas do tempo de cada um.

Desmistificação do metrô
Desmistificar o metrô, mostrando que este meio de transporte público é
uma opção viável de meio de locomoção para todas as classes sociais,
também foi apontado pelos participantes como uma ação que estimularia
uma alternativa ao uso diário do automóvel. Além de campanhas com este
intuito, foi sugerido que as empresas coloquem vans ou microônibus
fazendo o trajeto das estações do metrô até a empresa como forma de
facilitar o deslocamento dos funcionários. Os convidados destacaram a
importância de uma política do metrô no sentido de autorizar o
carregamento de bicicletas junto com os passageiros também nos dias de
semana e não apenas nos finais de semana.

Permissão do uso de roupas menos formais
Trocar o salto alto e o terno e gravata por roupas mais casuais foi
outra idéia que surgiu na Oficina para facilitar o uso do metrô, ônibus
e até para aqueles optam por andar a pé ou de bicicleta. As empresas
poderiam ainda fornecer transporte coletivo, em horário determinado,
adotando os ônibus fretados em maior escala e com um maior número de opções.


Expansão do rodízio de veículos e implantação de pedágio urbano
Pedágio para circulação nos locais e horários de maior movimento (como
já acontece no centro de Londres, no Reino Unido) e a expansão do
rodízio para o dia inteiro foram também cogitados na oficina. Foi
sugerido que o dinheiro recolhido pelos pedágios reforçaria o orçamento
municipal para investimento no transporte coletivo.

Dos governos pede-se ainda que façam cumprir as leis de trânsito,
garantindo o respeito à circulação de pedestres, o que daria mais
segurança para as pessoas irem caminhando para o trabalho. Também foram
apontadas as necessidades de ampliação dos corredores para os
transportes públicos, de melhora da qualidade dos serviços de ônibus,
trens e metrôs, além do estabelecimento de metas para o nível de
poluição com monitoramento contínuo dos resultados obtidos e da redução
dos impactos pelo menor uso dos carros.

Desenvolvimento de tecnologias mais limpas
Diminuir os impactos negativos no ambiente e na saúde decorrente da
quantidade excessiva de carros em circulação na cidade foram
preocupações fundamentais dos participantes da oficina. Nesse sentido,
foram elencadas sugestões específicas, como o investimento das empresas
e dos governos em novas tecnologias, mais limpas e sustentáveis a serem
usadas nos carros, diminuindo a geração de resíduos, durante a montagem,
na manutenção (troca de peças) e também na hora do descarte final dos
veículos. As fábricas de automóveis que adotassem materiais recicláveis
em seus componentes e pensassem na cadeia produtiva do veículo como um
todo nessa mesma direção, buscando reduzir o impacto gerado pelo
produto, poderiam ser beneficiadas pelo poder público de alguma forma.

Uso de combustíveis de fontes renováveis
A adoção de combustíveis alternativos, renováveis, menos poluentes e com
menor impacto no aquecimento global foi também destacado pelos
presentes. O incentivo a carros “flex”, possibilitantdo que cada um
possa fazer sua escolha, foi ressaltado como um bom caminho a seguir.
Como sugestão adicional, os táxis da cidade poderiam ser incentivados
pelo governo, por meio de benefícios fiscais, a rodar exclusivamente com
combustíveis renováveis, abandonando definitivamente os combustíveis
fósseis.

Educar os novos motoristas
Foi sugerido incluir tópicos de educação para o consumo consciente do
carro (e do consumo consciente de modo geral) nas escolas e fomentar as
discussões sobre o tema nas associações comunitárias de modo a
contribuir para a modificação da cultura de transportes na cidade – de
um perfil intrinsecamente individualista para um modo mais solidário que
valorize soluções coletivas.

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